Por muito pouco, segundo Edilberto Teixeira, na obra Lavras do Sul – Na Bateia do Tempo, de 1992, a Sede Municipal de Lavras do Sul se situaria junto ao Arroio Jaguari (Segundo Distrito), por conta da fundação do Povoado de Santo Antônio, o Novo, em 1756. Historiadores afirmam que o local possui 200 casas, assim como outros municípios, com origem em agrupamentos indígenas. Junto com a orientação e a influência dos Padres da Companhia de Jesus, poderiam ali ser plantadas as raízes de povoamento do município. Porém, com as Guerras Guaraníticas, ocorreu a mudança da formação do território lavrense. Restaram apenas vestígios da civilização, e as terras, impostas por interesses alheios, de além-mar, acabaram tendo seu patrimônio quase esquecido, restando a Tapera dos Padres e o Curral de Pedras, por exemplos.
Próximo à Caçapava, ocorreu a demarcação da Estância do Serro Formoso (Sr. Cel. Francisco Pereira de Macedo), que foi Barão e depois, Visconde do Império. D. Pedro II visitou-a em 1865, por ocasião da Guerra do Paraguai.
Outro fato histórico interessante foi a Abolição da Escravatura ocorrer quatro anos antes da Lei Áurea (13/5/1888), em 2/12/1884, sendo Lavras do Sul um dos primeiros municípios rio-grandense a libertar seus escravos.
Um fato triste para a história do município e de grande impacto socioeconômico e populacional foi o fechamento de algumas Companhias de Mineração – a partir de 1915 – interrompendo seus objetivos de crescimento. Na época, havia um grande estouro cultural e de projeção do município, com a presença de funcionários de origem européia.
Muitos historiadores, como Alfredo R. da Costa, relatavam a pujança e possibilidades de riqueza de Lavras do Sul. Dizia ele, na obra “RGS Estudo Completo”, que “É um município que progride muito, caminhando com dessassombro, para um radiante futuro”.
Outro fato determinante para a diminuição populacional foi a saída do 13º Regimento de Cavalaria Independente,em 1937, prejudicando o comércio local, além de remanejar as famílias dos militares para o novo local, em Jaguarão.
Ao contrário de Alfredo Costa, o jornalista alemão Wolfang Harnish, na obra “O Rio Grande do Sul”, não se entusiasmou muito com a situação de Lavras do Sul. E, realmente, com seu livro publicado anos após o da publicação de Costa, a fase áurea já tinha passado.
Para complicar ainda mais, ocorreu um grande êxodo para Porto Alegre, a partir dos anos 1950 e nos anos 1960, para buscar oportunidades de emprego e estudo para suas famílias. Problemas relacionados às crises rurais (o chamado “fracasso do trigo”) também contribuíram para as dificuldades de prosperidade do município.
A construção do traçado da BR-153 (entre Caçapava do Sul e Bagé), nos anos 1970, também gerou um atraso e isolamento para Lavras do Sul. Somente em 1990, a ERS-357 (entre Caçapava do Sul e Lavras do Sul) foi asfaltada pelo Governo Estadual e o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER). Já a RSC-473 (que liga Lavras do Sul a Bagé, Dom Pedrito e São Gabriel) segue necessitando de asfaltamento, o que representaria um maior desenvolvimento regional, circulação mais dinâmica de mercadorias e acesso aos serviços regionais.
No entanto, é importante ressaltar que, se por um lado, Lavras do Sul tem as suas dificuldades de crescimento econômico, por outro, os ares pacatos e bucólicos seguem encantando quem visita e orgulhando os habitantes. É possível, pelo menos na opinião editorial deste blog, promover e conciliar um desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para os munícipes e apoio para turistas, sendo necessário o planejamento urbano, mobilização da sociedade e políticas públicas.
Problemas todas as cidades tem, não importa o porte, o tamanho. O que é necessário ao cidadão, como construtor do espaço local, conhecê-lo, reconhecê-lo e inseri-lo como um elemento integrante. Por isso, estudar a comunidade em que residimos é refletir sobre seus problemas, causas e soluções, é necessário. É o que fazemos neste blog: descrever o que nossa terra tem de bom e o que precisa melhorar, sempre com caráter crítico pontual, com respeito e amor ao município de Lavras do Sul.
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