Geografia

Relevo e topografia

Relevo de Lavras do Sul. As áreas em vermelho representam altitudes acima de 400 m. Em laranja, entre 300 m e 400 m. Em amarelo claro, de 200 a 300 m. Em verde, até 100 m. Fonte: elaborado pelo autor.

Com relação às altitudes dentro de sua superfície, Lavras do Sul apresenta cotas, na sua metade centro-oriental (leste), com números que variam entre 80 e 470 metros em relação ao nível do mar. A sede do município está situada numa média de 300 metros (277 metros junto às margens do Arroio Camaquã das Lavras, e entre 320 e 380 metros, nos pontos mais elevados, como na Avenida José Cacildo Delabary, nos altos da Vila da Olaria e junto ao  Parque de Exposições do Sindicato Rural, na saída para São Gabriel). O Distrito do Ibaré tem uma altitude média de 250 metros. Nos setores norte e sul da porção leste, há um extenso planalto, com diversos cerros e morros. As maiores elevações encontram-se nessa região. Em Lavras, podemos notar uma relevante observação geográfica: entre o Ibaré e a Sede existe um divisor natural de águas entre as bacias hidrográficas do Camaquã (integrantes do sistema Sudeste [ou Atlântico]) e do Rio Santa Maria (integrante da bacia do Uruguai, inserida no sistema hidrográfico do Estuário do Prata). No encontro deste divisores está o Marco Gaúcho das Águas, limite com São Gabriel. Este ponto, inaugurado em 2004 pelo Governo Estadual, representa o divisor de águas dos sistemas hidrográficos gauchos.

A área do Camaquã, com média de 350 metros de altitude, apresenta potencial para um geoparque, além de belas formações rochosas, bastante antigas e erodidas, além de diversas fazendas, utilizadas principalmente para a criação de gado.

Nos extremos ocidentais do município (meandros do Rio Santa Maria – Passo da Santa Maria –, no limite com Dom Pedrito) as altitudes já se apresentam bem mais modestas – cerca de 120 a 130 metros. No extremo ocidental (limite com Caçapava) a média varia entre 215 e 150 metros.

A sede municipal de Lavras do Sul está situada a uma altitude média de 277 metros e encontra-se no chamado Escudo Sul-Rio-Grandense, mas a porção ocidental do município, chamada localmente de “fundo”, tem campos limpos, relevo mais plano e vegetação composta por gramíneas. O ponto extremo dessa porção (Passo da Santa Maria) fica a mais ou menos 100 km a oeste da sede municipal, no limite com Dom Pedrito e próximo ao território de Rosário do Sul (que chegou a fazer limite com Lavras do Sul até a década de 1990).

Há pequenas serras em Lavras do Sul, compostas por morros que sofreram grande ação de processos bastante antigos de erosão, como a Mantiqueira (onde se localiza o Cerro da Mantiqueira, com 399 metros de altitude), a Serra do Batovi, a Coxilha do Tabuleiro e o Rincão do Inferno (propriedade particular, que faz limite com Bagé). O município está situado entre três pequenas serras: Santa Tecla (ao norte de Bagé), Batovi (ao sul de São Gabriel) e de Caçapava (a leste).

Vegetação e ambiente

Segundo o geógrafo Jurandyr Ross, em sua obra Natureza e Sociedade nos Espaços Agroambientais do Brasil (2006), os campos do Sul do Brasil desenvolvem-se sobre rochas metamórficas e ígneas, em regiões de baixa declividade.

A região de Lavras apresenta diversas coxilhas (o mais importante elemento morfológico e físico da Campanha), além de vegetação densa e associada às Serras de Sudeste ou, até mesmo, aos resíduos da vegetação característica dos planaltos da Bacia do Paraná.

No leste lavrense, a vegetação é mais densa, com os chamados campos sujos (ou paisagem de campos mistos). Os campos limpos, compostos por gramíneas, gramíneas lenhosas e grandes extensões de vegetação plana, alternadas com capões de mato (pequenos aglomerados de mata e altas árvores) predominam na porção ocidental, embora também ocorram estas morfologias na porção central.

No extremo oeste do Município, predominam os campos limpos; no centro e norte, campos subarbustivos; e nas porções central, norte e sul, tem destaque os campos mistos.

Hidrografia

Duas bacias hidrográficas (com seus cursos d’água correndo em direções distintas) estão presentes em Lavras do Sul: a Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã (dentro do sistema hidrográfico Atlântico-Sudeste, ocupando 53% do território lavrense – englobando a zona urbana e o Primeiro Distrito -, além de abrigar as nascentes do mesmo rio, nos limites com Dom Pedrito, Caçapava do Sul e Bagé) e a Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria (sistema hidrográfico do Rio Uruguai), que abrange 47% do território de Lavras do Sul, sobretudo o Segundo Distrito e o Ibaré.

Os principais rios do Município são o arroio Camaquã das Lavras (que banha a sede municipal, e que juntamente com os arroios do Jaques e do Hilário, forma o rio Camaquã), arroio Ivaró, arroio Taquarembó e arroio Santo Antônio, que desembocam no Rio Santa Maria, que banha uma pequena porção no extremo oeste do município, no limite com Dom Pedrito. Podemos classificar o município em duas regiões hidrográficas distintas:

Bacia Oriental: formada pelo rio Camaquã Grande e os arroios Camaquã das Lavras, Nazária, Imbicuí, do Tigre, Natálio, da Mantiqueira, Camaquã dos Macedos, Divisa, do Meio, do Jacques, do Hilário e Maricá, entre outros.

Bacia Ocidental: formada pelo rio Santa Maria e pelos arroios Taquarembó, Jaguari, do Salso, Ivaró e Santo Antônio, entre outros.

Tanto a Sede como o Ibaré são banhados por arroios de características idênticas. A mata ciliar cobre as margens dos principais arroios, estando ao lado de grandes depósitos de sedimentos. Existem pelo menos 100 cursos d’água em Lavras do Sul, como rios, arroios (rios de porte menor) e sangas (cursos d´água de pouca largura, de porte menor que os arroios).

Bacia do Rio Camaquã

O Rio Camaquã possui suas nascentes em Lavras do Sul e municípios vizinhos, fazendo com que a porção oriental do município pertença à bacia hidrográfica do mesmo. Possui cerca de 430 km de extensão, passando por municípios como Santana da Boa Vista, Encruzilhada do Sul e Amaral Ferrador, e desembocando na Laguna dos Patos, na divisa de Camaquã  com  São Lourenço do Sul. A Bacia do Rio Camaquã possui uma superfície de 21.517,58 km², correspondendo a 7,6% do Estado, abrangendo 26 municípios e cerca de 255 milhabitantes.

Bacia do Rio Santa Maria

O Rio Santa Maria nasce entre Dom Pedrito e Santana do Livramentoe percorre Lavras do Sul, São Gabriel e Rosário do Sul, até desembocar no Rio Ibicuí, em Cacequi.

Possui área de 15.741 km² e população estimada de 165.506 habitantes (2020), sendo 148.453 habitantes em áreas urbanas e 17.053 habitantes em áreas rurais (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, 2023).

Nessa região, estão sendo construídas as barragens do Jaguari e do Taquarembó, que poderão gerar desenvolvimento às comunidades do entorno. Em 2023, as obras dos locais ainda não foram concluídas por conta de questões jurídicas.

Clima

O clima é subtropical úmido, com as quatro estações do ano bem definidas, verões e invernos bem rigorosos (no verão, as temperaturas podem chegar próximas dos 40ºC, e no inverno, as médias são de 6ºC a 12ºC, podendo chegar facilmente a 0ºC, com grande ocorrência de geadas). Anualmente, em média, são registradas de 15 a 30 geadas no território lavrense. Em julho de 1994, Lavras do Sul teve o seu maior registro de neve da história.

No Município existe uma pluviosidade significativa ao longo do ano. Mesmo o mês mais seco ainda assim tem muita pluviosidade. Sobre as temperaturas, a média anual é de 18°C, e a pluviosidade média anual é de 1408 mm.

Dezembro é o mês mais seco, com 96 mm. Em setembro cai a maioria da precipitação, com uma média de 135 mm. Janeiro é o mês mais quente do ano com uma temperatura média de 23°C. Ao longo do ano, junho tem uma temperatura média de 13,3°C, sendo a média mais baixa do ano.

Não há estações meteorológicas oficiais no Município, mas o engenheiro agrônomo Luiz Fernando Saraiva de Souza (Nanana) mantém, na propriedade da Chácara do Laranjal, próxima à Sede Municipal, um espaço para a medição da pluviosidade (volume de chuvas), cujos resultados são bastante divulgados pelos órgãos locais de mídia. A Rádio Pepita FM também contribui com o fornecimento de informações meteorológicas, transmitindo a cada meia hora, nos intervalos comerciais de sua programação, dados sobre a temperatura no momento na cidade.

Extremos na pluviosidade nos últimos anos em Lavras do Sul

Nos últimos anos, estão mais comuns em Lavras do Sul os extremos de chuva, com irregularidades nos volumes e períodos alternados de muita chuva ou de uma grande falta de chuvas.

No século XXI, pelo menos dois períodos de estiagem afetaram Lavras do Sul, com consequências na agropecuária e na vida da população: entre 2010 e 2013 e entre 2021 e 2023.

Após cerca de dois anos de estiagem (2021 e 2022), por influência da fenômeno “La Niña” (esfriamento das águas do Oceano Pacífico, no litoral do Peru, que provoca seca no sul do Brasil e chuvas excessivas em outras regiões do país), o Rio Grande do Sul e também Lavras do Sul agora (2023) tem a influência climatológica do “El Niño” (o oposto do “La Niña”, formando um grande volume de chuvas no sul e seca na Amazônia e Nordeste).

Chuvas coletadas na chácara do Laranjal das Lavras (Propriedade do sr. Luiz Fernando Saraiva de Souza) em 2023:
  • Janeiro em 6 dias 53,5 milímetros
  • Fevereiro em 7 dias 109 milímetros
  • Março em 7 dias 66 milímetros
  • Abril em 3 dias 16,5 milímetros
  • Maio em 10 dias 362 mm
  • Junho em 5 dias 84,5 mm
  • Julho em 8 dias 204,5 mm
  • Agosto em 4 dias 91 mm
  • Setembro em 18 dias 606 mm
  • Outubro em 6 dias 121 mm
  • Novembro em 9 dias 401,5 mm
  • Dezembro em 6 dias 326 mm.
Total de chuvas em 89 dias no ano de 2023: 2.441,5 milímetros, sendo que a média anual é de 1.872,45 milímetros – 569 milímetros acima da média em 2023. Ano atípico nas precipitações de chuvas com disparidade nos meses com poucas e outros com muitas chuvas.